O Manuscrito Cooke é um dos mais antigos e importantes documentos da Maçonaria operativa, datado de cerca de 1410 e atualmente preservado no acervo da Biblioteca Britânica, em Londres. Diferentemente do Regius, seu predecessor em antiguidade, o Cooke é redigido em forma de uma longa narrativa em prosa. O manuscrito original é composto por 68 páginas em pergaminho, medindo aproximadamente 3,32 por 4,68 polegadas. Pelo estilo, estrutura e conteúdo, acredita-se que tenha sido escrito por vários autores — possivelmente clérigos — e que tenha incorporado trechos de documentos ainda mais antigos.
O texto combina uma narrativa lendária sobre as origens da Geometria e da arte da Maçonaria com um conjunto de “artigos” e “pontos” que regulavam a conduta dos pedreiros medievais. Sua relevância histórica é enorme, pois oferece um raro vislumbre dos primeiros códigos morais, organizacionais e profissionais da fraternidade maçônica antes do advento da Maçonaria especulativa. Não por acaso, ao elaborar a primeira edição de seu Livro das Constituições, o reverendo James Anderson certamente se inspirou no Cooke, cuja influência pode ser rastreada em todos os Antigos Deveres que vieram depois.
A tradução apresentada a seguir foi feita a partir da transcrição moderna do manuscrito original, disponível no site da Durand Lodge:
https://www.durandlodge.com/books/cooke.pdf
Optou-se por não seguir a morfologia original do manuscrito — que possui mais de novecentas linhas numeradas —, mas sim por apresentar o conteúdo em forma de prosa contínua, com pontuação e segmentação modernas, buscando uma leitura fluida e inteligível ao público contemporâneo. Sempre que necessário, foram adicionadas notas explicativas para contextualizar personagens históricos, obras mencionadas e termos arcaicos.
Manuscrito Cooke
Louvado seja Deus, nosso glorioso Pai e fundador e formador dos Céus e da Terra e de todas as coisas que nele há, que dignou-se, com sua gloriosa divindade, criar tantas coisas de diversas virtudes para o homem; pois Ele fez todas as coisas para serem obedientes e sujeitas ao homem, pois tudo o que é comestível e de natureza saudável Ele ordenou para o sustento do homem. E também Ele concedeu ao homem inteligência e engenho para diversas coisas e ofícios pelos quais possamos trabalhar neste mundo para obter nosso sustento, para fazer diversas coisas para o prazer de Deus e também para nosso conforto e proveito. Essas coisas, se eu fosse repeti-las, seriam longas demais para contar e para escrever. Por isso, as deixarei, mas vos mostrarei algumas, isto é, para dizer como e de que forma a ciência da Geometria começou e quem foram seus fundadores e das outras artes mais, como se nota na Bíblia e em outras histórias.
Como e de que maneira essa digna ciência da Geometria começou, vou lhes dizer, como já disse antes. Deveis entender que existem 7 ciências liberais, pelas quais todas as ciências e ofícios, no mundo, foram primeiramente fundadas, e especialmente ela é causa de tudo, isto é, a ciência da Geometria de todas as outras que existem, as quais 7 ciências assim são chamadas. Quanto à primeira, que é chamada o fundamento da ciência, seu nome é Gramática, e ela ensina ao homem corretamente a falar e a escrever com verdade. A segunda é Retórica, e ela ensina ao homem a falar de forma formal e bela. A terceira é dialética, e essa ciência ensina ao homem a distinguir a verdade da falsidade, e comumente é chamada de arte ou sofística. A quarta chama-se Aritmética, que ensina ao homem a arte dos números, a fazer contas e a dar conta de todas as coisas. A quinta é Geometria, a qual ensina ao homem toda a medição e medidas, e ponderações dos pesos e do ofício do homem. A sexta é Música, que ensina ao homem a arte da canção, em notas de voz e órgão e trombeta e harpa, e de todos os outros instrumentos a ela pertencentes. A sétima é Astronomia, que ensina ao homem o curso do Sol, da lua, e de outras estrelas e planetas do céu.
Nossa intenção é principalmente tratar da origem da nobre ciência da Geometria, e nós fomos os fundadores dela. Como já disse antes, há 7 ciências liberais, ou seja, sete ciências ou sete ofícios que são livres em si mesmos, os quais sete existem somente por meio da Geometria. E a Geometria é o mesmo que dizer a medida da terra.
“Et sic dicitur ‘geometria’ a geo, quod est ‘terra’ in Latino, et metron, quod significat ‘mensuram’. Ergo geometria est mensuratio terrae sive terrarum,” isto é, em inglês: geometria é, como eu disse, formada de geo, que é, em grego, "terra", e metron, que quer dizer "medida"; e assim, esse nome "geometria" é composto e significa "medida da terra". Não vos admireis de eu ter dito que todas as ciências existem unicamente por meio da ciência da Geometria, pois não há nenhuma arte feita pela mão do homem que não seja realizada por meio da Geometria. Nenhum ofício manual é executado senão por ela, e isso por uma razão notável: se um homem trabalha com as mãos, ele o faz utilizando algum tipo de ferramenta; e não há instrumento, entre as coisas materiais deste mundo, que não venha da terra, e à terra não retorne. E não existe instrumento, isto é, uma ferramenta de trabalho, que não possua alguma forma de proporção, seja ela maior ou menor.
E proporção é medida, a ferramenta, ou o instrumento, é terra. E Geometria é dita ser a medida da terra. Por isso, posso dizer que os homens vivem todos pela Geometria, pois todos os homens aqui neste mundo vivem pelo trabalho de suas mãos. Muitas outras provas eu vos direi, por que a Geometria é a ciência pela qual todos os homens racionais vivem, mas eu a deixo aqui, neste momento, pela longa tarefa de escrever. E agora prosseguirei com meu assunto.
Deveis compreender que, entre todos os ofícios do mundo — ou seja, entre todos os trabalhos do homem — a Maçonaria é o mais notável, pois detém a maior parte desta ciência chamada Geometria, conforme está registrado na história, tanto na Bíblia quanto nos escritos dos maiores mestres da História.
Está também no Polychronicon (1), uma crônica impressa, e nas histórias atribuídas a Beda, o Venerável (2). No De Imagine Mundi (3) e no Ethimologiarum de Isidoro (4), assim como em outros escritos de Metódio (5), bispo e mártir, e de muitos outros, afirma-se que a Maçonaria tem como base a Geometria — e penso que com razão se pode dizer isso, pois ela foi a primeira arte a ser fundada.
Isso está anotado na Bíblia, no livro de Gênesis, no quarto capítulo. Todos os doutores mencionados concordam com essa ideia, e alguns a declaram de forma ainda mais clara e direta, conforme está escrito na Bíblia: na linhagem de Adão, descendente direto, na sétima geração antes do dilúvio de Noé, havia um homem que chamava-se Lameque, e este tinha duas esposas: uma chamada Adá e a outra, Zilá. Da primeira esposa, Adá, nasceram dois filhos: Jabal e Jubal. O filho mais velho, Jabal, foi o primeiro homem a fundar a Geometria e a Maçonaria. Ele construiu casas, e é mencionado na Bíblia como "Pater habitancium in tentoris atque pastorum", ou seja, pai dos homens que habitam em tendas, isto é, em casas de moradia. Ele foi o mestre de obras de Caim, responsável por todas as suas construções, quando Caim edificou a cidade de Enoque — a primeira cidade jamais construída. Foi ele quem deu essa cidade a seu próprio filho Enoque, nomeando-a com o nome do filho. A cidade passou então a se chamar Enoque. Mais tarde, ela passou a ser conhecida como Efraim, e foi lá que a ciência da Geometria e da Maçonaria foi primeiramente praticada, estabelecida e aperfeiçoada como ofício. Assim, podemos dizer que ali esteve a causa e o fundamento de todos os ofícios e ciências.
E esse homem, Jabal, foi chamado de “pater pastorum”, ou seja, pai dos pastores. O mestre das histórias afirma — e também Beda, na obra De Imagine Mundi, o Polychronicon e outros autores — que Jabal foi o primeiro a fazer a demarcação das terras, para que cada homem soubesse qual era o seu terreno e pudesse nele trabalhar como sendo sua própria herança. Ele também separou os rebanhos, para que cada homem soubesse qual era o seu gado. Por isso, pode-se dizer que ele foi o primeiro fundador dessa ciência.
Já seu irmão Jubal — ou Tubal — foi o fundador da música e do canto, como diz Pitágoras no Polychronicon, e o mesmo afirma Isidoro em sua obra Ethimologiarum, no sexto livro, onde se declara que Jubal foi o primeiro a criar a música, o canto, o órgão e a trombeta. Ele teria descoberto essa ciência a partir do som dos martelos de seu irmão, que era Tubalcaim.
Conforme se lê no capítulo — ou seja, no capítulo 4 do Gênesis —, diz-se que Lameque, com sua outra esposa, chamada Zilá, gerou um filho e uma filha. Os nomes deles eram Tubalcaim (o filho) e Naamá (a filha). Segundo o Polychronicon, alguns afirmam que Naamá teria sido esposa de Noé — se isso é verdade ou não, não afirmamos. Deveis compreender que esse filho, Tubalcaim, foi o fundador da arte dos ferreiros e de outros ofícios relacionados aos metais, ou seja, do ferro, do bronze, do ouro e da prata — como dizem alguns estudiosos —, e sua irmã Naamá foi quem descobriu a arte da tecelagem, pois antes disso não havia tecidos entrelaçados. Eles fiavam o fio e o trançavam, fazendo com isso as roupas que conseguiam. Mas como foi Naamá quem descobriu o ofício da tecelagem, passou-se a chamar esse trabalho de “arte feminina”.
E esses três irmãos mencionados anteriormente sabiam que Deus tomaria vingança pelos pecados, fosse pelo fogo ou pela água. Por isso, passaram a se preocupar mais com a maneira de preservar os conhecimentos que haviam descoberto. Reuniram-se em conselho e, com toda sua sabedoria, disseram que existiam dois tipos de pedra com propriedades especiais: uma que não queimava, chamada mármore, e outra que não afundava na água, chamada latres (6).
Assim, decidiram registrar todos os seus conhecimentos nessas duas pedras. Eles sabiam, por revelação divina, que Deus poderia destruir o mundo como punição pelo pecado — fosse pelo fogo ou pela água. Por isso, escolheram duas pedras especiais: uma chamada mármore, que não queimaria, caso a vingança divina viesse por fogo; e outra chamada latres, que não afundaria, caso o castigo viesse por água.
Eles então rogaram a seu irmão mais velho, Jabal, que construísse dois pilares com essas pedras e que inscrevesse neles todas as ciências e ofícios que haviam descoberto. E assim foi feito. Podemos, portanto, dizer que Jabal era extremamente versado no conhecimento, pois foi o primeiro a preservar e transmitir a ciência antes do dilúvio de Noé, prevendo com sabedoria a destruição que viria de Deus.
Sabendo com clareza da vingança que Deus enviaria — fosse ela pelo fogo ou pela água —, os irmãos, mesmo sem uma profecia formal, intuíram que tal castigo divino viria. Por isso, registraram seus conhecimentos nas duas colunas de pedra. Há quem diga que nelas foram gravadas todas as sete ciências, pois estavam convencidos de que a vingança viria.
E assim aconteceu: Deus enviou Sua ira, e um dilúvio tão grande abateu-se sobre o mundo que toda a terra foi submersa, e todos os homens pereceram, exceto oito pessoas. Esses eram Noé, sua esposa, seus três filhos e as esposas deles. E desses três filhos descendeu toda a humanidade. Seus nomes foram dados da seguinte forma: Sem, Cam e Jafé. Esse dilúvio ficou conhecido como o Dilúvio de Noé, pois foi ele, junto de sua família, quem se salvou.
Muitos anos após esse dilúvio, conforme relata a crônica, essas duas colunas foram reencontradas. Segundo o Polychronicon, um grande estudioso chamado Pitágoras encontrou uma delas, e Hermes (7), o filósofo, encontrou a outra. Ambos transmitiram os conhecimentos que ali estavam registrados.
Todas as crônicas, as histórias antigas, diversos autores e principalmente a própria Bíblia testemunham a construção da Torre de Babel. Está escrito na Bíblia, no capítulo 10 do Gênesis, que Cam, filho de Noé, gerou a Nimrod. Este cresceu e se tornou um homem poderoso na terra — um guerreiro forte, semelhante a um gigante — e também um grande rei. O início de seu reino corresponde ao verdadeiro reino da Babilônia, incluindo as cidades de Arac, Arcade, Calané e a terra de Senaar.
Esse mesmo Nimrod iniciou a construção da Torre de Babel e ensinou a seus operários a arte das medidas. Tinha consigo muitos pedreiros — mais de quarenta mil — e os estimava profundamente. Isso também está escrito no Polychronicon, no Master of Stories (8) e em muitas outras fontes, sendo em parte testemunhado pela própria Bíblia. No mesmo capítulo 10 do Gênesis, diz-se que Assur, parente próximo de Nimrod, saiu da terra de Senaar e construiu a cidade de Nínive, Plateias e outras cidades mais — conforme está escrito: “de tra illa et de Sennare egressus est Asur, et edificavit Nineven et Plateas civitatum et Cale et Jesu quoque, inter Nineven, et hoec est Civitas magna” — ou seja: “e daquele lugar e da terra de Senaar saiu Assur, e edificou Nínive e Plateias, cidades de Cale e também de Jesen, entre Nínive, e esta é a grande cidade”.
É justo que contemos abertamente como e de que maneira surgiram os primeiros preceitos da arte da Maçonaria, e quem lhe deu o nome de Maçonaria. E saibam bem que está escrito no Polychronicon e também por Metódio, bispo e mártir, que Assur, senhor nobre da terra de Senaar, enviou uma mensagem ao rei Nimrod, pedindo que lhe enviasse pedreiros e artesãos, para que o ajudassem a construir a cidade que desejava fundar. Nimrod então enviou trezentos e oitenta pedreiros. Antes que partissem, convocou-os diante de si e lhes disse:
— Vós ireis ao meu parente Assur, para ajudá-lo a construir uma cidade. Mas vede que estejais bem organizados, e eu vos darei um conjunto de instruções que será proveitoso tanto para vós quanto para mim. Quando chegardes a esse senhor, sede leais a ele como o seríeis a mim; trabalhai com dedicação e aplicai bem vossa arte, recebendo por ela uma recompensa justa, conforme merecerdes. Amai-vos uns aos outros como irmãos e permanecei unidos com fidelidade. Que aquele que tiver mais sabedoria ensine ao seu companheiro. Mantende a ordem tanto diante do vosso senhor quanto entre vós mesmos, para que eu seja honrado e agradecido por tê-los enviado e por vos ter ensinado a arte.
Eles, então, aceitaram as instruções daquele que era seu mestre e senhor, e partiram rumo a Assur. Ali construíram a cidade de Nínive, na região de Plateias, e também outras cidades, chamadas Cale e Jesen — esta última sendo uma grande cidade entre Cale e Nínive.
Dessa forma, a arte da Maçonaria foi, pela primeira vez, considerada como uma ciência e passou a ter seus preceitos formais. Os antigos mestres que vieram antes de nós escreveram esses preceitos, assim como hoje temos em nossos próprios Landmarks e regulamentos, na história de Euclides, conforme temos visto escrito tanto em latim quanto em francês, convém agora explicar como Euclides chegou ao conhecimento da Geometria, segundo o que está narrado na Bíblia e em outras histórias.
No capítulo doze do Gênesis, é dito como Abraão chegou à terra de Canaã, e como o Senhor lhe apareceu e disse: “Darei esta terra à tua descendência”. Contudo, houve grande fome naquela terra, e Abraão tomou Sara, sua esposa, e foi ao Egito em peregrinação, onde permaneceu enquanto durava a fome.
Abraão, segundo narra a crônica, era um homem sábio e um grande estudioso, versado em todas as sete ciências, e ensinou aos egípcios a ciência da Geometria. E esse notável estudioso, Euclides, era seu discípulo, e aprendeu com ele. Foi Euclides quem deu à Geometria seu primeiro nome, embora já fosse praticada anteriormente, mas sem ser assim nomeada (9).
Isidoro, em sua obra Etimologias, no Livro V, capítulo primeiro, afirma que Euclides foi um dos primeiros fundadores da Geometria, e foi ele quem lhe deu esse nome. Naquele tempo, havia naquela terra do Egito um rio chamado Nilo, que transbordava tanto sobre a terra que os homens não podiam nela habitar.
Então, esse sábio Euclides ensinou ao povo como construir grandes muros e valas para conter as águas. Por meio da Geometria, ele mediu e dividiu a terra em várias partes, fazendo com que cada homem cercasse a sua porção com muros e valas. Com isso, a terra se tornou fértil e abundante em todo tipo de fruto e cheia de gente jovem, homens e mulheres, tantos que já não podiam viver com conforto.
Diante disso, os senhores da terra reuniram-se em conselho para discutir como poderiam ajudar seus filhos, pois havia tantos que não dispunham de sustento suficiente, e queriam prover a si mesmos e a seus descendentes. E entre todos os presentes naquele conselho, encontrava-se o sábio Euclides, e quando Euclides percebeu que eles não conseguiam resolver tal questão, disse-lhes:
— Quereis que eu assuma o governo de vossos filhos, e eu lhes ensinarei uma ciência pela qual poderão viver dignamente, sob a condição de que jureis a mim cumprir a governança que eu vos estabelecer, tanto para vós quanto para eles?
Então, o rei da terra e todos os senhores, de comum acordo, aceitaram essa proposta. A razão nos mostra que todo homem há de consentir naquilo que lhe traz proveito. Assim, entregaram seus filhos a Euclides para que os governasse segundo sua própria vontade. E ele lhes ensinou a arte da Maçonaria, dando-lhe o nome de Geometria, em razão da divisão da terra que ele havia ensinado ao povo por ocasião da construção dos muros e valas, anteriormente mencionados, para conter as águas.
Isidoro, em suas Etimologias, afirma que Euclides chamou essa arte de Geometria. Foi, pois, esse nobre estudioso quem lhe deu o nome e ensinou-a aos filhos dos senhores daquela terra, os quais estavam sob sua orientação. Ele lhes deu também um conjunto de normas, segundo as quais deviam tratar uns aos outros como “companheiros” e de nenhuma outra maneira, pois todos pertenciam à mesma arte e eram de nascimento nobre, filhos de senhores.
E aquele que demonstrasse maior saber deveria ser o governador da obra, sendo chamado “mestre”, conforme outras instruções que estão registradas no Livro das Obrigações. E assim trabalharam junto aos senhores da terra, construindo cidades e povoados, castelos e templos, e os palácios dos nobres.
Na época em que os filhos de Israel habitavam o Egito, aprenderam ali a arte da Maçonaria. Mais tarde, quando foram expulsos do Egito, chegaram à terra prometida, que hoje é chamada Jerusalém, onde a arte já era conhecida e suas obrigações observadas.
E a construção do Templo de Salomão foi iniciada pelo rei Davi. (O rei Davi tinha grande estima pelos maçons e lhes concedeu direitos quase iguais aos que possuem atualmente.) E, na época da edificação do templo, durante o reinado de Salomão — como está escrito na Bíblia, no Terceiro Livro dos Reis, capítulo quinto — Salomão tinha oitenta mil maçons trabalhando na obra. E o filho do rei de Tiro foi seu mestre de obras. E em outras crônicas se diz — e em antigos livros de Maçonaria — que Salomão confirmou os encargos que Davi, seu pai, havia concedido aos maçons. E o próprio Salomão lhes ensinou suas regras, que diferiam pouco das que são usadas atualmente.
E assim essa nobre ciência foi levada para a França e para muitas outras regiões. Certa vez, houve na França um rei digno chamado Carolus Secundus (10) — isto é, Carlos Segundo — e esse Carlos foi eleito rei da França pela graça de Deus e também por sua linhagem. Alguns afirmam que foi eleito por sorte, o que é falso, pois, segundo a crônica, ele era de sangue real. Esse mesmo rei Carlos foi pedreiro antes de ser rei, e, depois de coroado, continuou a amar os maçons, cuidou deles com apreço e lhes concedeu encargos e regras conforme sua vontade, das quais algumas ainda são usadas na França.
Ele determinou que os maçons deveriam se reunir uma vez por ano em assembleia, para conversarem entre si e serem orientados por mestres e companheiros sobre qualquer desvio de conduta.
Logo depois, São Adhabell (11) veio à Inglaterra e converteu São Albano ao Cristianismo . E São Albano teve grande apreço pelos maçons, e foi ele quem lhes concedeu, pela primeira vez, os encargos e as regras na Inglaterra. Ele também estabeleceu horários apropriados para o pagamento pelo trabalho realizado.
E, após isso, houve um rei digno na Inglaterra, chamado Athelstan (12), cujo filho mais novo amava profundamente a ciência da Geometria. Ele sabia bem que o ofício manual aplicava, na prática, a ciência da Geometria de forma excelente — como faziam os maçons. Por isso, ele os chamou para um conselho e aprendeu com eles a aplicação prática dessa ciência, para unir ao seu conhecimento especulativo, pois, na teoria, ele já era mestre. E, assim, passou também a amar a Maçonaria e os maçons. E ele próprio se tornou um maçom, e concedeu aos maçons encargos e nomes conforme ainda hoje são usados na Inglaterra e em outros países. Ele estabeleceu que deveriam receber pagamento justo e obteve do rei uma carta patente livre, autorizando-os a reunir-se em assembleia sempre que julgassem apropriado, para tratar de seus assuntos com seus conselheiros — encargos, normas e assembleias — conforme está escrito e ensinado no nosso Livro dos Encargos, razão pela qual deixo aqui este assunto por ora.
Homens de bem, foi por essa razão e dessa maneira que a Maçonaria teve seu início.
Aconteceu, certa vez, que grandes senhores não possuíam terras ou riquezas suficientes para garantir posição ou sustento aos filhos que geraram livremente, pois tinham muitos. Então reuniram-se em conselho, para descobrir como poderiam assegurar uma vida honesta a esses filhos. Enviaram, então, mensageiros em busca de mestres sábios da nobre ciência da Geometria, para que, por meio de sua sabedoria, pudessem organizar uma forma digna de sustento para seus filhos.
E um desses mestres, chamado Englet (13) — homem de extrema sutileza e sabedoria —, fundou uma arte que chamou de Maçonaria. Por meio dessa arte, de forma honesta, ele ensinou os filhos dos grandes senhores, conforme o pedido dos pais e a livre vontade dos filhos. Esses jovens, sendo instruídos com grande empenho durante certo tempo, não demonstraram todos o mesmo grau de habilidade para compreender aquela arte mencionada. Por isso, o mestre Englet determinou que aqueles com maior conhecimento deveriam receber maior honra. Ele também ordenou que os mais sábios fossem chamados de "mestres", a fim de instruir aqueles com menos habilidade. Esses mestres foram assim denominados em razão da nobreza de espírito e do talento excepcionais que possuíam naquela arte.
Ainda assim, foi determinado que aqueles com menor habilidade não deveriam ser chamados de servos, nem considerados subordinados, mas sim tratados como companheiros, em respeito à nobreza de seu sangue gentil. Dessa forma teve início a referida arte na terra do Egito, pelas mãos do mencionado mestre Englet, e assim ela se espalhou de terra em terra, de reino em reino.
Muitos anos depois, no tempo do rei Athelstan — que foi por um período rei da Inglaterra —, seus conselheiros e outros grandes senhores do reino, por comum acordo, identificando falhas graves entre os maçons, instituíram certas normas para regulamentá-los. Foi estabelecido que, uma vez por ano, ou a cada três anos conforme a necessidade do rei, dos grandes senhores e do povo comum, assembleias deveriam ser realizadas, de província em província e de país em país, organizadas pelos mestres — os mais habilidosos entre os mestres, maçons e companheiros da referida arte.
Nessas assembleias, aqueles que seriam promovidos ao título de mestre deveriam ser examinados quanto aos artigos que se seguem, e avaliados para saber se eram capazes e habilidosos o suficiente para trazer benefício aos senhores a quem serviriam, e honra à mencionada arte. Ademais, deveriam receber sua incumbência de administrar, com retidão e fidelidade, os bens de seus senhores — sejam senhores de pouca ou grande importância —, pois são, por um tempo, os patrões que lhes pagam pelo serviço e pelo esforço.
- O Primeiro Artigo é este: Todo mestre desta arte deve ser sábio e leal ao senhor a quem serve, administrando seus bens com a mesma honestidade com que administraria os seus próprios. E não deve pagar a nenhum pedreiro mais do que sabe que ele merece, levando em conta o preço do trigo e dos víveres na região, sem favorecimentos, pois cada homem deve ser recompensado segundo o seu trabalho.
- O Segundo Artigo é este: Todo mestre dessa arte deve ser convocado previamente para comparecer à assembleia, e deve fazê-lo pontualmente, a menos que esteja justificado por alguma causa válida. Contudo, se for considerado rebelde em tais assembleias ou culpado de qualquer prejuízo aos seus senhores ou de desonra à arte, ele não deverá ser isento de responsabilidade de forma alguma, mesmo que isso implique o risco de morte. E, mesmo que corra risco de morte, deve avisar ao mestre principal da reunião sobre sua impossibilidade de comparecer.
- O Terceiro Artigo é este: Que nenhum mestre aceite um aprendiz por um período inferior a sete anos, pois aqueles que permanecem por menos tempo não conseguem, de forma proveitosa, adquirir os conhecimentos da arte, nem estão aptos a servir fielmente a seu senhor, nem a receber como um verdadeiro pedreiro deve receber.
- O Quarto Artigo é este: Que nenhum mestre, por qualquer lucro, aceite como aprendiz alguém que tenha nascido em condição servil (isto é, de sangue cativo), pois seu senhor legítimo — a quem ele está vinculado — poderá legalmente retirá-lo da arte, levando-o para fora da oficina ou do local de trabalho. Isso pode provocar que seus companheiros tentem ajudá-lo ou discutam em sua defesa, e disso pode resultar uma briga ou até um homicídio, o que é terminantemente proibido. Além disso, por outra razão: esta arte teve sua origem entre os filhos dos grandes senhores, nascidos livres, conforme já foi dito anteriormente.
- O Quinto Artigo é este: Que nenhum mestre ofereça ao seu aprendiz, durante o período de aprendizagem, mais do que aquilo que ele claramente mereça perante o senhor a quem serve, nem tampouco tanto a ponto de que o senhor do local onde está sendo ensinado não obtenha algum lucro por tê-lo aceitado e instruído.
- O Sexto Artigo é este: Que nenhum mestre, por ganância ou lucro, aceite como aprendiz alguém que seja fisicamente incapaz, isto é, que tenha alguma deficiência que o impeça de trabalhar corretamente como se espera que um pedreiro trabalhe.
- O Sétimo Artigo é este: Que nenhum mestre seja achado conscientemente apoiando ou encobrindo alguém que mantenha práticas noturnas ilícitas, como vagar à noite para roubar, pois tal comportamento impede que esse indivíduo cumpra com seu trabalho e esforço durante o dia, e por consequência disso, seus companheiros podem se irritar.
- O Oitavo Artigo é este: Que, se acontecer de um pedreiro habilidoso e competente chegar em busca de trabalho e encontrar outro pedreiro no local que seja imperfeito e sem habilidade, o mestre da obra deverá aceitar o mais competente e dispensar o incapaz, para benefício do senhor que o contratou.
- O Nono Artigo é este: Que nenhum mestre deve suplantar outro. Pois se diz, na arte da Maçonaria, que nenhum homem deve concluir com perfeição um trabalho iniciado por outro, de modo que beneficie o senhor da obra, como faria aquele que a começou — pois somente aquele que começou a obra conhece todos os seus detalhes e segredos, ou aqueles a quem ele os revelou.
Esse conselho foi estabelecido por diversos senhores e mestres de várias províncias e assembleias de maçons, e é importante saber que aquele que deseja alcançar a posição dentro da arte mencionada deve, em primeiro lugar e principalmente, ser fiel a Deus, à Santa Igreja, a todos os santos, ao seu mestre e aos seus companheiros, como se fossem seus próprios irmãos .
- O Segundo Ponto: Ele deve cumprir fielmente o trabalho do dia pelo qual receberá pagamento.
- O Terceiro Ponto: Ele deve saber guardar os segredos e conselhos de seus companheiros, tanto na oficina como na câmara, e em todo lugar onde estiverem maçons.
- O Quarto Ponto: Ele não deve enganar a arte mencionada, nem prejudicá-la, nem apoiar qualquer artigo contra ela ou contra seus praticantes; ao contrário, deve defendê-la com toda honra, na medida de suas forças.
- O Quinto Ponto: Quando for receber seu pagamento, deve aceitá-lo humildemente, conforme o tempo estabelecido pelo mestre, e deve cumprir os períodos de trabalho e descanso conforme ordenado e estipulado por ele.
- O Sexto Ponto: Se houver qualquer discórdia entre ele e seus companheiros, ele deve obedecer com humildade e permanecer em silêncio diante das ordens do mestre ou do capataz na ausência deste, até o próximo dia santo. Nesse dia, deverá buscar a reconciliação conforme a decisão dos companheiros, e não durante o dia de trabalho, para não prejudicar o andamento da obra e o lucro do senhor da construção.
- O Sétimo Ponto: Ele não deve cobiçar a esposa nem a filha de seu mestre, nem a de seus companheiros — a não ser que seja com intenção de casamento —, nem manter concubinas, para evitar discórdias entre eles.
- O Oitavo Ponto: Se acontecer de ele ser escolhido como guarda (ou capataz) sob seu mestre, que ele seja um intermediário justo entre seu mestre e seus companheiros, e que se esforce, na ausência do mestre, para a honra deste e para o proveito do senhor a quem serve.
- O Nono Ponto: Se ele for mais sábio e mais hábil que seu companheiro com quem trabalha na oficina, ou em qualquer outro lugar, e perceber que este está prestes a abandonar a pedra sobre a qual trabalha por falta de destreza, e souber como ensinar e corrigir a pedra, ele deverá instruí-lo e ajudá-lo, para que cresça o amor entre eles, e para que o trabalho do senhor não seja perdido.
Quando o mestre e os companheiros forem devidamente convocados e tenham comparecido à congregação, se necessário, o xerife do condado, ou o prefeito da cidade, ou o vereador da vila onde a congregação for realizada, deverá ser companheiro e associado ao mestre da congregação, para ajudá-lo contra rebeldes e em defesa da ordem e da justiça do reino.
No início, os novos homens, que nunca haviam sido admitidos antes, são recebidos com esta obrigação: que nunca sejam ladrões, nem protetores de ladrões, e que cumpram fielmente seu dia de trabalho e labuta, em troca do pagamento que receberão de seu senhor, e que prestem contas verdadeiras aos companheiros sobre tudo o que lhes cabe contar, e que os ouçam e os amem como a si mesmos. E devem ser leais ao Rei da Inglaterra e ao reino, e guardar com todas as suas forças todos os artigos mencionados.
Após isso, será investigado se algum mestre ou companheiro que tenha sido advertido que comparecesse violou algum dos artigos supracitados. E, se for provado que assim fizeram, isso será decidido naquele momento.
Portanto, saibam: se algum mestre ou companheiro, advertido anteriormente para comparecer à congregação, for rebelde e se recusar a ir, ou se tiver transgredido qualquer artigo acima, se isso for comprovado, deverá renunciar à sua Maçonaria e não poderá mais exercer o ofício. E, se mesmo assim ousar praticá-lo, o xerife do condado onde for encontrado trabalhando deverá prendê-lo e confiscar todos os seus bens em nome do rei, até que a graça real lhe seja concedida e devidamente demonstrada.
Por esta razão principal foram essas congregações instituídas: para que tanto os mais humildes quanto os mais poderosos sejam bem e fielmente servidos por meio deste ofício, por todo o reino da Inglaterra.
Amém. Assim seja.
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Notas explicativas
1 - O "Polychronicon" (em latim: Polychronicon Ranulphi Higden Monachi Cestrensis) é uma crônica histórica escrita por Ranulph Higden, monge beneditino de Chester, no século XIV. Obra enciclopédica em sete livros, escrita em latim, visava narrar a história do mundo desde a Criação até o tempo de Higden. Foi amplamente lida na Idade Média e frequentemente citada como fonte histórica e cronológica. Traduzida para o inglês por John Trevisa no século XIV.
2 - Beda, o Venerável (Beda Venerabilis, c. 673–735) foi um monge anglo-saxão e um dos mais eruditos da Alta Idade Média. Escreveu a famosa obra Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum (História Eclesiástica do Povo Inglês), sendo considerado o “pai da história inglesa”. Canonizado como santo e proclamado Doutor da Igreja, é uma das principais fontes de informações sobre a cristianização da Inglaterra. A Maçonaria operativa frequentemente o cita por sua autoridade histórica.
3 - De Imagine Mundi: Atribuído a Honório de Autun (século XII), é uma enciclopédia medieval que aborda cosmologia, teologia e geografia. Tinha influência sobre o imaginário medieval e a interpretação simbólica da criação do mundo. Não é uma obra amplamente citada nos Old Charges, mas aparece em manuscritos que tratam de saberes enciclopédicos.
4 - Etymologiae (Etymologiarum sive Originum libri XX): Obra do bispo Isidoro de Sevilha (c. 560–636), reúne o conhecimento da Antiguidade e do mundo cristão em 20 livros. É uma das principais enciclopédias da Idade Média e foi muito usada por estudiosos, monges e autores medievais. Em um dos livros, Isidoro associa a geometria à medição da terra, apoiando o elo com a Maçonaria operativa.
5 - Provavelmente se refere a São Metódio de Olimpo, padre e mártir cristão do século III, que escreveu obras apocalípticas e filosóficas em grego. Outra possibilidade é Metódio de Constantinopla (século IX), patriarca e teólogo. Ambos foram citados por escritores medievais em compilações históricas ou eclesiásticas. No contexto dos Old Charges, "Methodius episcopus et martyrus" é usado como figura de autoridade para validar tradições antigas da Maçonaria, mesmo que a atribuição seja simbólica.
6 - O termo "latres" vem do latim e significa tijolos ou blocos de construção feitos de barro cozido. Nos textos antigos, especialmente em contextos de construção como a Torre de Babel ou os trabalhos de Nimrod, é comum encontrar "latres" como referência ao material de construção usado no lugar da pedra natural.
7 - Provavelmente trata-se de Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande, aqui descrito como um filósofo; essa figura mítica greco-egípcia é considerada o suposto autor dos textos conhecidos como Hermética, nos quais se encontra a célebre Tábua de Esmeralda.
8 - Trata-se de Petrus Comestor (c. 1110–1179), um teólogo francês, autor de vários comentários sobre os Evangelhos, incluindo um livro amplamente difundido na era medieval, Historia scholastica super Novum Testamentum, também conhecido como Bible historiale.
9 - A narrativa segundo a qual Euclides teria aprendido geometria com Abraão aparece no Manuscrito Cooke como parte da construção lendária da origem da maçonaria. No entanto, do ponto de vista histórico, tal afirmação é impossível, pois os dois viveram em épocas muito diferentes. Abraão é uma figura da tradição bíblica que teria vivido por volta de 2000 a.C., enquanto Euclides é geralmente datado do século IV a.C., sendo associado à cidade de Alexandria, no Egito, durante o reinado de Ptolemeu I (305–283 a.C.). A ligação entre os dois reflete uma tradição medieval que costumava reunir personagens famosos do passado — sejam eles bíblicos, mitológicos ou filosóficos — em uma espécie de linhagem simbólica do conhecimento, especialmente no contexto das sete artes liberais. Essa construção simbólica não deve ser interpretada ao pé da letra, mas entendida como parte de um esforço educativo e moral típico dos textos medievais.
10 - A grafia "Carolus Secundus" (latim para "Carlos II") pode causar confusão, pois não há um “Carlos II” amplamente reconhecido na história da França com relevância no contexto da Maçonaria operativa medieval. Duas possibilidades interpretativas: Carlos Magno (Carolus Magnus): Embora não “Secundus”, é frequentemente vinculado à lenda maçônica. Ele era rei dos Francos (768) e imperador do Sacro Império Romano (800). Muitas tradições medievais e renascentistas atribuíram-lhe o patrocínio das artes e ciências, inclusive da geometria; Carlos, o Calvo (Carolus Calvus): Neto de Carlos Magno, reinou na França Ocidental no século IX. Também aparece em algumas crônicas como patrono de artes.
11 - Não existe nenhum santo reconhecido com o nome "Adhabell". Trata-se provavelmente de uma corrupção de nome em manuscritos medievais. Alguns estudiosos sugerem que seria uma referência deturpada a um missionário cristão ou bispo do período romano-britânico. Pode ser uma forma distorcida de nomes como "Amphibalus", que segundo tradições apócrifas foi o evangelizador de São Albano, que é considerado o primeiro mártir cristão da Grã-Bretanha. Teria sido executado no século III ou IV por abrigar um sacerdote cristão (possivelmente "Adhabell" em forma corrompida). Na tradição maçônica, é apontado como patrono dos maçons na Inglaterra e como o primeiro a dar-lhes “cargos” e “pagamento justo”, segundo os Old Charges.
12 - Athelstan (c. 894 – 939) foi rei da Inglaterra de 924 a 939 e é considerado por muitos historiadores como o primeiro rei verdadeiramente unificador da Inglaterra. Neto de Alfredo, o Grande, consolidou os diversos reinos anglo-saxões sob um único trono e expandiu o território do reino. Na tradição maçônica operativa, Athelstan é um personagem central. Os Old Charges atribuem a ele e a seu filho mais novo (por vezes chamado de Edwin ou Edwinus, embora não haja registro histórico de tal filho com esse nome) a regularização da Maçonaria na Inglaterra, com a criação de assembleias de mestres e companheiros e a elaboração das "charges" (obrigações) dos pedreiros. Embora esse vínculo não seja confirmado historicamente, ele simboliza a aliança entre o poder real e os artífices livres, conferindo legitimidade régia e cristã à arte da construção
13 - O nome Englet, presente em algumas versões dos Old Charges, é interpretado por diversos estudiosos como uma corrupção fonética ou copista de “Euclides”, o célebre matemático grego considerado fundador da geometria. Essa leitura é sustentada por autores como Knoop & Jones (1949) e Gould (1885), que apontam para a origem textual imperfeita e a transmissão oral como fontes dessas distorções. Há também interpretações que consideram Englet um personagem lendário autônomo, símbolo de um mestre fundador que transmitiu o ofício aos filhos da nobreza (Stillson & Hughan, 1906).
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Dyogner do Valle Mildemberger
30/07/2025
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