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Mostrando postagens de abril, 2025

BOOZ OU BOAZ?

A grafia do nome de uma das colunas do Templo de Salomão, se Booz ou Boaz, é tema que, à primeira vista, poderia parecer uma simples questão ortográfica. No entanto, trata-se de um assunto que alcança outras dimensões, envolvendo o respeito à tradição, à história e à fidelidade simbólica que a Maçonaria tanto preserva. Compreender a origem do nome, a trajetória de seu uso ao longo dos séculos e sua aplicação nos rituais maçônicos é fundamental para quem busca zelar pela integridade dos ensinamentos transmitidos de geração em geração. O nome da coluna esquerda do Templo de Salomão encontra-se registrado na Bíblia, mais especificamente no Primeiro Livro dos Reis (1Rs 7:21) e no Segundo Livro das Crônicas (2Cr 3:17). No hebraico original, o nome é escrito como בֹּעַז (Boʿaz), cuja transliteração correta para o alfabeto latino é Boaz. Este nome carrega o sentido de “força”, ou “em força”, representando a solidez e o poder sustentador do templo. A simbologia associada a Boaz é, portanto, d...

A CORDA DE 81 NÓS

A ornamentação da Loja de Aprendiz, com sua simplicidade e profundidade, guarda ensinamentos que muitas vezes passam despercebidos. Entre os diversos elementos desse cenário simbólico, a Corda de 81 Nós, um dos ornamentos de uma Loja de Aprendiz, se destaca como um dos mais discretos, mas também dos mais significativos. Ela contorna o espaço do templo, definindo seus limites, unindo os integrantes e perpetuando uma tradição que atravessa séculos. A origem dessa corda remonta aos antigos canteiros operativos, onde era usada como uma ferramenta essencial de trabalho. Marcada por nós em intervalos regulares, ela servia como régua para traçar ângulos retos e medir proporções. No templo simbólico, sua função prática foi transformada em um profundo significado. Como Pedro Juk observa, essa transposição preservou a essência da corda, agora representando precisão, ordem e coesão, não mais em pedras, mas em homens. Quando incorporada ao templo, a Corda de 81 Nós passou a demarcar o espaço sagra...

O SILÊNCIO QUE CUSTA CARO

Em determinados momentos da vida maçônica, a tensão entre o ideal fraterno e o rigor iniciático se torna visível e inevitável. A Loja, como célula viva da Ordem, se depara com escolhas que testam sua maturidade, seu compromisso com o símbolo e sua fidelidade ao caminho do aperfeiçoamento. Mas o que acontece quando o coração benevolente da fraternidade fala mais alto que a consciência iniciática da verdade? A sabatina, prática adotada por diversas Lojas como rito avaliativo do irmão que pleiteia o aumento de salário, é, por excelência, um espelho. Diante dela, o obreiro se vê refletido não apenas em suas palavras, mas também em seus silêncios, em seus gestos, em sua preparação. Titubeios podem nascer do nervosismo, é verdade. Mas a ausência de domínio dos fundamentos simbólicos, a insegurança no uso da palavra ritual, ou o desconhecimento de elementos básicos como o painel do grau, revelam não a emoção, mas a falta de estudo. E quando, diante dessa realidade, a Loja escolhe o caminho do...

O PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ NO REAA

O Painel do Grau de Aprendiz, especialmente no contexto do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) praticado pelo Grande Oriente do Brasil, transcende sua aparente função decorativa. Muito mais do que um simples quadro, ele é um guia silencioso e permanente que expressa visualmente os ensinamentos fundamentais transmitidos ao aprendiz maçom. Cada símbolo ali colocado possui uma função específica, direcionada ao desenvolvimento ético, espiritual e intelectual dos iniciados. Assim, o estudo aprofundado desses símbolos é uma jornada constante de autoconhecimento e evolução pessoal. O Painel do Grau de Aprendiz sintetiza simbolicamente os ensinamentos que um maçom iniciante precisa compreender ao longo de sua jornada. Sempre presente nas lojas maçônicas, ele não apenas decora, mas instrui silenciosamente todos que o contemplam. Paulo Hernandes afirma que sua origem remonta às antigas tradições em que os símbolos eram riscados no chão das oficinas maçônicas, servindo como uma orientação visual ...

A ABÓBADA CELESTE NO REAA

Introdução Entre os muitos elementos simbólicos que decoram o templo maçônico, a abóbada celeste destaca-se como uma das mais profundas e inspiradoras representações simbólicas. No Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), praticado pelo Grande Oriente do Brasil (GOB), ela simboliza a conexão entre o mundo humano e o universo como um todo. Posicionada no teto do templo, a abóbada transcende o espaço físico do ritual, convidando os iniciados a uma reflexão mais elevada e contemplativa. O trabalho aqui apresentado propõe-se a compreender a abóbada celeste como um dos elementos fundamentais da arquitetura simbólica do templo. Para isso, destacam-se suas bases históricas, seu design visual, os astros representados, e suas associações com os cargos e graus na Loja. Além disso, serão discutidas as divergências interpretativas entre os autores sobre sua representação. Por fim, cabe mencionar que, no esquema oficial do Ritual de Aprendiz do GOB de 2024, a Estrela Flamejante não está incluída, subli...