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Mostrando postagens de maio, 2025

ENTENDENDO OS TRÊS TIPOS DE MAÇONS NA VISÃO DE VAROLI FILHO

A Maçonaria é uma escola de construção moral, social e espiritual. Mas, mesmo entre seus membros, existem diferentes formas de enxergar e viver a Ordem. No Capítulo III do livro Curso de Maçonaria Simbólica – Aprendiz (Tomo I) , o autor Theobaldo Varoli Filho apresenta três perfis bastante distintos de maçons: os místicos sérios, os mistificadores e os autênticos. Varoli desenvolve essas classificações em sua obra, e elas nos ajudam a refletir com mais clareza sobre o caminho que escolhemos dentro da Maçonaria. O que propomos aqui não é julgar ninguém, mas estimular reflexões para que cada irmão possa se observar sobre que tipo de maçom é. Vamos entender melhor o que caracteriza cada tipo. Místicos Sérios São aqueles irmãos que olham para as lendas maçônicas com respeito e encanto, mas também com consciência. Sabem que elas não precisam ser verdadeiras no sentido literal para serem valiosas. A beleza dos símbolos, a profundidade dos rituais e o valor filosófico das tradições antigas sã...

O BODE NA MAÇONARIA

Confesso que quanto mais estudo tentando encontrar o tal do “bode na Maçonaria”, mais ele escapa feito um animal arisco, se esquivando e desaparecendo, deixando somente um rastro de lendas e mitos. Existem muitas histórias que tentam explicar a relação entre o bode e a Maçonaria, mas o intuito aqui não é fazer juízo sobre qual delas é legítima (na verdade, suspeito que nenhuma seja). Ao contrário do que insistem muitos panfletos antimaçônicos, manifestações de igrejas, discursos de padres e pastores fanáticos e “causos” da internet, a história de que os maçons utilizam ou adoram bodes em suas sessões não passa de uma fantasia popular. Mesmo assim, o animal se tornou um dos mitos mais duradouros em torno da Maçonaria, mas, curiosamente, os próprios maçons o transformaram em motivo de deboche e brincadeira. Convém iniciar pelo cenário mais remoto, que remonta ao Yom Kippur do Israel antigo. No livro de Levítico 16, é descrita uma prática em que sorteavam-se dois bodes, sendo o primeiro d...

VOCÊ SABE QUEM É?

Tem um ditado que ouço sempre na minha Loja: “ A Maçonaria não é hospital. Gente ruim não entra para sair boa. Ela transforma homens bons em homens melhores. ” E refletindo sobre isso, me ocorreu que a transformação maçônica não começa com ferramentas, mas com silêncio. No livro Pedra por Pedra , do irmão Francisco Pucci, há um trecho onde ele discorre sobre um tema que me pegou em cheio: a diferença entre individualização e individuação . E não, não é só jogo de palavras. A individualização é esse apelo moderno para sermos “únicos”. Diferentões. Inovadores. Originais. Mas no fundo… é tudo meio igual. Um monte de gente tentando parecer especial do mesmo jeito. Aquela coisa de querer se destacar e, sem perceber, acabar sendo só mais um na multidão. Como Pucci disse, parece que o mundo inteiro diz: “seja diferente, torne-se um igual”. Já a individuação, aí é outra história. É um caminho mais interno. Não tem a ver com status, com carreira, com curtidas. Tem a ver com se descobrir. Com s...

A MAÇONARIA, A IGNORÂNCIA E O EFEITO DUNNING-KRUGER

Existe um aforismo bastante conhecido na Maçonaria que diz: “ Ignorância é nada saber, saber mal o que se sabe e saber coisas além do que se deve saber. ” À primeira vista, parece apenas mais uma frase de sabedoria, dessas que a gente lê e segue em frente. Mas, quando paramos e refletimos bem sobre estas palavras, percebemos que há ali um aviso poderoso. O verdadeiro problema não é simplesmente a ignorância. É algo mais sorrateiro: a falsa sensação de que sabemos mais do que de fato sabemos. É o conforto enganoso da certeza. E veja só: esse mesmo tema, com outra roupagem, foi desvendado há alguns anos pela psicologia: é o chamado Efeito Dunning-Kruger . Em 1999, dois psicólogos — David Dunning e Justin Kruger — resolveram investigar algo curioso: será que as pessoas sabem medir o quanto realmente sabem? Eles aplicaram testes relativamente simples em estudantes universitários. Coisas como lógica, gramática, interpretação de texto. Depois, pediram que cada aluno estimasse o próprio desem...

COGITO ERGO SUM: O MÉTODO DE DESCARTES COMO FERRAMENTA PARA O MAÇOM

É incrível pensar que, muito antes de dominarmos a arte de lançar foguetes ou de simular o comportamento da matéria em laboratórios superequipados, a humanidade já intuía que a liberdade, no fim das contas, começa mesmo é na mente. A formação intelectual nos tempos antigos era estruturada em torno do que chamavam de Sete Artes Liberais — “liberais” justamente por serem destinadas aos homens livres. E o que seria um maçom, se não exatamente isso? Um ser humano livre, empenhado em se aprimorar constantemente através do conhecimento. Divididas entre o Trivium e o Quadrivium, essas disciplinas formavam um verdadeiro mapa, um guia, para a construção da razão humana. Na Maçonaria especulativa, a presença delas é estrutural. Elas são, por assim dizer, o esqueleto invisível que dá sustentação ao edifício simbólico da Ordem. O Trivium, é composto por: Gramática – a arte de empregar símbolos e a linguagem de forma correta Lógica – a arte de raciocinar com clareza, sem dar margem para dúvidas Ret...

A EGRÉGORA MAÇÔNICA NO REAA

Há um símbolo que acompanha silenciosamente cada Aprendiz ao adentrar o Templo: a da pedra bruta. Ali está ela, inerte e imperfeita, à espera de ser transformada. Ao seu lado, repousam o maço e o cinzel, não como adornos, mas como convites simbólicos a uma jornada que é antes de tudo interior. O Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) nos ensina que essa pedra somos nós mesmos. E que a lapidação exige mais do que boa intenção: exige vontade firme e razão disciplinada. Além disso, o rito nos lembra que a busca incessante da Verdade é uma trajetória contínua e ininterrupta, um dos pilares centrais da Maçonaria, que exige do iniciado um esforço constante para distinguir o real do ilusório. É com essas duas ferramentas que cada um de nós deve trabalhar incessantemente sobre si. A centralidade da alegoria da pedra bruta e das ferramentas da vontade e da razão ressalta a natureza eminentemente pessoal do desenvolvimento maçônico. Cada Aprendiz é o artífice de sua própria transformação, um proces...

AS FERRAMENTAS DO APRENDIZ NOS 7 RITOS DO GOB

 A Maçonaria, uma sociedade discreta e secular enraizada em tradições profundas e simbologias significativas, tem sido há séculos um espaço de busca pelo aprimoramento pessoal, espiritual e moral. No cerne dessa jornada de autodescoberta, estão as ferramentas do aprendiz, símbolos físicos e metafóricos que guiam o maçom em sua busca pela sabedoria e pelo desenvolvimento interior. Essas ferramentas, como o maço, o cinzel e a régua, não são apenas objetos de ofícios, mas também representações poderosas dos princípios e valores fundamentais da Maçonaria. Neste ensaio, mergulharemos na rica tapeçaria das ferramentas do aprendiz, explorando como esses símbolos milenares têm sido aplicados na vida do maçom. Nosso objetivo é compreender como a utilização consciente e intencional dessas ferramentas não apenas molda a experiência maçônica, mas também oferece lições valiosas que transcendem os limites da Loja Maçônica, impactando a vida cotidiana em diversos aspectos. Ao longo das próximas s...